terça-feira, 30 de junho de 2009

Análise e reflexão final pessoal sobre o percurso realizado


Reflexão final:

Ao longo deste percurso, que se estendeu por cinco actividades e termina agora nesta reflexão final, torna-se para mim claro que saio hoje bastante mais sensibilizado e esclarecido sobre um conjunto de questões importantes relacionadas com os media digitais e a construção da identidade e socialização dos jovens. Esse despertar, proporcionado pelos termos abordados nesta disciplina, teve o efeito de alterar a minha perspectiva enquanto professor e educador. Pouco disponível para os novos contextos digitais na sua vertente de socialização e comunicação, fui aprendendo através das actividades propostas a compreender e aceitar a sua importância e influência na vida daqueles com que lido diariamente. Como é do senso comum, o desconhecimento de uma determinada realidade potencia a que sobre ela sejam feitos juízos de valores. Reconheço nesse sentido, e isso torna-se claro ao longo das minhas intervenções, que a distância e espírito critico que mantinha face às novas formas de construção da identidade social dos adolescentes foi-se se esbatendo ao longo deste trajecto. No entanto, e em defesa da verdade, considero que, apesar de compreender e aceitar como referi, o facto dos jovens de hoje se construírem enquanto indivíduos em novos espaços virtuais, a verdade é que sinto, como genuíno emigrante digital que sou, uma atitude critica face à completa benignidade destas novas ferramentas.
Umas das principais conclusões que retiro, e que foi inúmeras vezes discutidas em sede de fórum, passa pela necessidade da sociedade estabelecer pontes que encurtam o fosso geracional por inúmeras vezes referido. A palavra-chave passa pela educação para a cidadania numa nova sociedade virtual, ensinando as crianças e adolescentes a adquirir as competências que lhes permitam navegar nos aspectos positivos e negativos deste novo mundo. Não sou ingénuo o suficiente para afirmar que vivemos na era de todos os perigos ou que as novas tecnologias conduzem a comportamentos alienantes. No entanto, considero que, em inúmeros casos, os meios digitais potenciam esses factores de risco. E potenciam ainda mais porque os adultos, ao contrário de gerações anteriores em que os rituais de construção da identidade e da socialização eram mais ou mais semelhantes de geração em geração, não se encontram preparados para acompanhar e compreender esse fenómeno. Por o que acima referi, esta consciencialização e compreensão da necessidade de uma atitude pró-activa face a esta realidade foi um dos aspectos que retiro como mais importante neste percurso.
Relativamente à forma como decorreu o processo ensino-aprendizagem só posso referenciar aspectos positivos. As actividades propostas foram apresentadas de uma forma progressiva, encadeada, sem ser excessivamente exigentes ao nível da gestão do tempo, mas obrigando a um trabalho contínuo de pesquisa, análise e reflexão. Utilizando uma filosofia baseada no currículo em espiral de Brunner muitos dos conceitos que abordamos de uma forma mais superficial em determinada actividade, foram posteriormente trabalhados de uma forma mais aprofundada e complexa. O facto da disciplina apresentar um fio condutor em que as actividades foram sendo encadeadas permitiu que o conhecimento tivesse um encadeamento lógico, culminando com uma actividade prática de análise. Numa breve análise podemos afirmar que se numa primeira fase descobrimos que existe um novo tipo de adolescente, e consequentemente um novo tipo de estudante digital e percepcionamos a forma como este aprende, socializa, comunica, expressa-se, joga, partilha, etc , ficamos também a saber que este novo processo não é de forma alguma pacífico. Compreendemos que o fosso geracional e a incapacidade da sociedade como um todo para compreender o que é o jovem do século XXI é uma questão transversal que deve ser discutida e analisada. Posteriormente aprendemos e reflectimos sobre o que é ser adolescente, compreendendo que esta fase vital da vida de um ser humano é um processo complexo de procura e construção da identidade. Ficamos a perceber que os novos espaços de socialização reflectem, espelham, moldam e influenciam esse conturbado processo. Compreendemos que nesses espaços os jovens plasmam um conjunto de marcas identitárias ao utilizarem uma linguagem própria, esforçando-se por se afirmar perante os outros, aprendendo normas e regras sociais, entre muitos outros aspectos. Todo este trabalho introdutório, fruto de uma investigação aprofundada permitiu adquirir as competências necessárias para estar à altura de elaborar um trabalho prático de investigação e analisar/reflectir sobre as suas conclusões.
Fazendo um flashback final sobre este percurso, posso ainda afirmar que as aulas decorrem de uma forma bastante positiva, nas quais aos momentos de reflexão individual se sucederam momentos de trabalho em grupo, tão importantes para nos retirar do isolamento natural deste ensino à distância. O trabalho pessoal desenvolvido ao longo deste trajecto foi duplamente intenso e motivante razão pela qual reuni num só documento as minhas intervenções no forum. Ao todo são 27 páginas (não incluem as reflexões e comentários postados neste blog) que representam uma enorme vontade em participar e compreender este tema e uma procura de outros recursos educativos. Por estes motivos considero este percurso como um factor de enriquecimento pessoal e profissional. Ainda para mais porque no decorrer deste processo acumulei em conjunto com o mestrado a frequência da profissionalização em serviço. Esse facto obrigou-me a um esforço enorme na tentativa de conseguir participar em todas as solicitações a que estive sujeito (8 unidades curriculares no seu todo). Penso no entanto, que termino este percurso com a sensação de dever cumprido. PDF_Participações
Termino, assim como comecei este percurso, com uma afirmação de Sherry Turkle do seu livro A vida no Ecrã, que escolhi para o trabalho de grupo sobre o estudante digital. Apesar do livro datar de 1995 (e terem passado muitos anos depois de o ter lido), numa altura em que a internet dava os primeiros passos e em que os média digitais estavam ainda no seu começo ou nem sequer existiam, a afirmação representa muito daquilo que estudamos e discutimos neste espaço.

Quando atravessamos o ecrã para penetramos em comunidades virtuais, reconstruímos a nossa identidade do outro lado do espelho.
Sherry Turkle. A vida no Ecrã (1995)‏

Pedro Coelho do Amaral


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Intervenções_Análise da Identidade em Sites Sociais

Fórum A4 -> Discussão Conjunta -> Re: Discussão Conjunta por Pedro Coelho do Amaral - Sexta, 12 Junho 2009, 01:48
Boa noite,
A leitura e reflexão das grelhas de análise de marcas identitárias em sites sociais de jovens desenvolvidas pelos diferentes grupos permitem estabelecer um conjunto alargado de teias de relações com os diversos recursos educativos previamente discutidos. Sabemos de leituras anteriores que a identidade é uma tarefa central do desenvolvimento do ser humano que se prolonga por todo o ciclo da vida. No entanto é na adolescência que este processo assume uma importância particular pois é nesta fase de transição entre a infância e a vida adulta que os jovens, como teorizou Erikson (in Schmitt e Dayaminn, 2008), enfrentam o desafio da auto-definição e da formação da identidade e começam a desenvolver a noção de quem são, estabelecendo objectivos, opiniões, atitudes. É uma fase em que “ estão constantemente a tentar responder à questão Quem sou eu? enquanto utilizam as percepções de outros e de si próprios para ajudar a definirem-se a si próprios (ibidem)”. Como temos vindo a compreender nesta disciplina, este processo natural de auto-descoberta joga-se hoje em novos contextos, em novos espaços de socialização mediados pelos médios digitais. Como referem Huffaker e Calvert (2005) “À medida que os adolescentes procuram definir quem são (…), os seus fóruns de auto-descoberta se expandiram.” Esses novos fóruns de socialização são hoje diversos, e estão ao alcance dos adolescentes em diferentes formatos, suportes, tecnologias e à distância de um clique ou do carregar de uma tecla. As redes sociais são um desses novos espaços que progressivamente vêm ganhando o seu espaço no dia-a-dia dos jovens e por isso são bastante importantes como ferramenta de estudo desta fase do desenvolvimento humano nomeadamente pela possibilidade, como podemos observar por esta proposta de trabalho, de identificar distintas marcas identitárias que permitam compreender o processo de socialização dos adolescentes. Como refere Recuero (2008, 106) “Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: actores (pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões (Wasserman e Faust, 1994, Degenne e Forsé, 1999). Trata-se, assim, de uma abordagem focada na estrutura social, na qual “individuals cannot be studied independently of their relations to others, nor can dyads be isolated from their affiliated structures”2 (Degenne e Forsé, 1999, p. 3). Neste sentido, o estudo destes sites permite uma visão abrangente do processo de interacção entre o indivíduos e a natureza social das suas interacções. Da leitura das grelhas e das análises existem um conjunto de considerações que penso podem ser generalizadas às diferentes análises propostas: Os jovens utilizam as redes sociais como um processo de afirmação da sua própria personalidade, como um meio para serem aceites pelos seus pares, no qual aprendem as regras e normas de socialização indispensáveis na vida adulta. Nesse sentido, a necessidade de pertença a determinado grupo de amigos revela-se como uma marca identitária muito forte e está presente em inúmeros exemplos. O número de amigos, os comentários, os fives e os grupos a que pertencem são um exemplo claro dessa necessidade, apesar de nem sempre o nº de amigos corresponder ao nº de comentários. Apesar de não existir forma de confirmar esses dados, os autores (na maioria dos casos) revelam a sua identidade, idade, data de nascimento, local de residência (geral) e mantêm um perfil acessível aos restantes utilizadores e excluem os adultos deste espaço de socialização. Os resultados demonstram também que os jovens não têm receio em demonstrar sentimentos seja de amizade seja relações amorosas e demonstram apetência pela auto-reflexão, mas fazem-no perante amizades que já existem fora do ambiente virtual dos sites estudados. Esta leitura parece então confirmar a opinião de Boyd e Alisson (2007) quando estes afirmam que “Apesar de existirem algumas excepções, a pesquisa existente sugere que as SNS suportam primariamente relações sociais pré-existentes. Ellison, Steinfield, and Lampe (2007) sugerem que o Facebook (caso estudado) é utilizado para a manutenção ou solidificação de relações de amizade, e não para se conhecerem novos amigos.” Ao nível da interface gráfica dos sites analisados nota-se algum cuidado na apresentação o que demonstra, como já referimos em posts anteriores, uma forma de valorização perante os outros através da exibição de competências estéticas e técnicas. Nos rapazes notámos uma incorporação de um maior nº de addons (acrescentos) como musicas, vídeos, jogos, etc e uma imagem gráfica mais agressiva quer nos elementos visuais quer nas cores utilizadas. As meninas apresentam, na minha opinião, uma estética mais cuidada, mais criativa e naturalmente mais feminina. Apesar das análises parecerem apontar para uma maior disponibilidade das raparigas para a identificação pessoal, dando mais dados reveladores sobre si próprios e um menor cuidado na privacidade, parece-me que não se poderá generalizar essa análise. Encontrei inúmeros exemplos de sites de rapazes em que estes expõem de uma forma bastante clara os seus sentimentos. Essa observação poderá estar directamente relacionada com mudanças sociais nos comportamentos dos rapazes, tradicionalmente mais reservados. A utilização intensiva e extensiva de fotografias é outro aspecto transversal aos diferentes sites analisados, nomeadamente a peculiaridade de algumas poses estudadas, o que demonstra o cuidado na apresentação pessoal e a necessidade de estar bem perante os outros. Ao nível da linguagem ou netspeak (como por vezes é referida) é notório a utilização de uma linguagem criativa, inovadora e híbrida, onde se conjuga formas linguísticas tradicionais e formas adaptadas com o recurso, como já foi referido por diversos colegas, à gíria e ao calão. Estão também presentes acrónimos (ex:lol), variações e jogos de palavras e ecomotions. De uma forma geral a linguagem utilizado pelos rapazes é mais agressiva, mais sexista e com um carácter sexual mais explicito que de certa forma contrasta com uma linguagem mais cuidada, mais polida das raparigas.
Bibliografia:
BOYD, d. m., & ELLISON, N. B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), article 11. http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html Huffaker, D. A., and Calvert, S. L. (2005). Gender, identity, and language use in teenage blogs. Journal of Computer-Mediated Communication, 10(2), article 1. http://jcmc.indiana.edu/vol10/issue2/huffaker.html Recuero, Raquel (2008) Um estudo do capital social gerado a partir de Redes Sociais no Orkut e nos Weblogs Revista FAMECOS Porto Alegre nº 28 dezembro 2005 quadrimestral

Pedro Coelho do Amaral


Fórum A4 -> Discussão Conjunta -> Re: Discussão Conjunta por Pedro Coelho do Amaral - Sexta, 12 Junho 2009, 15:16
Boa Tarde,
Foram levantados neste fórum diversas questões pertinentes das quais destaco duas que considero importantes no âmbito das temáticas abordados nesta unidade curricular. Uma das questões abordadas pelo Rui e pela Paula prende-se com a inexistência ou pelo menos uma certa distância dos adultos no acompanhamento adequado dos jovens quando estes acedem e socializam nas redes sociais que analisamos e os perigos de segurança inerentes. Outra questão abordada por diversos colegas prende-se com a observação e constatação da falta de hábitos culturais dos jovens, especialmente os baixos índices de leitura e a falta de qualidade ou profundidade do discurso e linguagem utilizada pelos jovens. Em ambos os casos, e concordando de uma forma geral com as opiniões emitidas, encontro a montante duas instituições da nossa sociedade que podem e devem ser parte integrante na resolução das questões abordadas, ou seja, a família e a escola.
Relativamente à 1ª questão podemos relacionar a questão da segurança e a questão da necessidade de formação dos nossos jovens nestes novos espaços de aprendizagem e socialização. A questão da segurança na Internet é hoje um assunto transversal, que perpassa todos os contextos da actividade humana, quer seja observada numa perspectiva profissional, comercial, social, familiar ou mesmo educacional. Este admirável mundo que é a Internet, como todos sabemos, não é um mundo neutro, despojado de inconvenientes ou perigos. Acima de tudo é o espelho da sociedade, um retrato fiel das diferentes facetas do ser humano. Uma enorme rede de conteúdos onde, lado a lado, podemos encontrar inúmeros e eloquentes exemplos do génio humano, de altruísmo, de talento, de criatividade e, no extremo oposto, a mais profunda das misérias, o mais hediondo dos crimes, o mais vil dos actos. Para lá da superfície, da epiderme da web, dos espaços de comunicação, informação e socialização escondem-se zonas escuras, marcadas por perigos que vão muito para além de questões mais mediáticas relacionados com vírus, burlas económicas ou falsas informações. Se considerarmos a perspectiva da segurança da internet para as crianças e jovens, os perigos podem incluir coisas tão diversas como o contacto com estranhos, a falta de privacidade, o ciberbulling, a pornografia on-line, os riscos de atitudes viciantes face à internet ou ao jogo online, as ciberameaças, os jogos violentos, a pertença a determinados grupos e ideais, entre inúmeros outros factores. É neste mundo dicotómico, onde os conhecimentos, os valores e as atitudes positivas e negativas convivem lado a lado, que os nossos jovens vivem e interagem grande parte dos seus dias. A grande maioria dos jovens, especialmente os adolescentes, olha para a Web, e neste caso para as redes sociais, como um mundo só seu, uma espécie de quarto do qual só eles possuem a chave. Um espaço de liberdade e procura da maioridade desejada, no qual, afastados do olhar inquiridor ou reprovador dos adultos, podem comunicar, socializar, explorar e aprender aquilo que não lhes é ensinado na escola ou em casa. No fundo um novo recreio onde construem e moldam as suas personalidades em construção, onde se afirmam perante os seus pares, onde procuram a validação social e aprendem as normas e regras sociais indispensáveis à entrada na vida adulta. Este sentimento ou necessidade de emancipação e libertação face aos adultos é algo de intrinsecamente natural no processo de desenvolvimento de um jovem. Assim como é natural que sintam que o controle ou até o auxílio nas suas actividades online por parte dos adultos é completamente desnecessária, intrusiva e evitável. Apesar de, como referi, os jovens consideram não necessitar dos mais velhos torna-se óbvio que os adultos, em especial os pais e os professores, não se podem alhear, ausentar das suas responsabilidades na educação e, neste caso em particular, da educação para a socialização on-line. Quando são muito jovens, as crianças necessitam que os adultos estabelecem regras e limites e que definam os espaços online, isentos de perigos, onde possam navegar. À medida que crescem e as solicitações sociais aumentam, necessitam que os pais os ajudem a adquirir os conhecimentos, as competências e os valores necessários, indispensáveis para a tomada de decisões conscientes, responsáveis e seguras nas suas interacções on-line. No entanto, à medida que as crianças crescem, essa mediação deve ser negociada, partilhada e explicada. Só assim, os jovens poderão compreender verdadeiramente as razões que estão por detrás das preocupações dos adultos. O impedimento total dos pais ou dos professores no acesso à internet e aos seus conteúdos e a obsessão pela privacidade dos jovens, não será certamente a resposta mais adequada para enfrentar este desafio. Como refere Boyd (2008, 137) “By allowing us to have a collective experience with people who are both like and unlike us, public life validates the reality that we are experiencing. We are doing our youth a disservice if we believe that we can protect them from the world by limiting their access to public life. They must enter that arena, make mistakes, and learn from them. Our role as adults is not to be their policemen, but to be their guides.”
Relativamente à segunda questão relacionada com a falta de hábitos de leitura e de competências linguísticas, aos quais acrescento a ausência de algumas regras básicas da vida em sociedade como a boa educação, a verdade é que a resposta a isso encontra-se mais uma vez nas duas instituições acima referidas. Se analisarmos a questão de um ponto de vista de outros enquadramentos teóricos sobre o desenvolvimento humano (como o modelo Transacional de Sameroff ou Bioecológico de Bronfenbrenner) sabemos que o desenvolvimento de um indivíduo resulta das transacções e dos diferentes sistemas com os quais interage. Nesse sentido podemos compreender que um adolescente e a sua identidade emergem, entre outros factores, do contexto educativo e familiar em que estão inseridos. Para abarcarmos todo o universo desenvolvimental e situacional do aluno, as suas escolhas, os seus interesses, os seus ritos, as suas expectativas, as suas crenças, os seus valores, a sua cultura, o seu saber académico, enfim, a sua vida, temos que considerar todos os níveis, variáveis e sistemas que influenciam e contribuem para a indissociabilidade das relações e compromissos entre cada factor num determinado momento e contexto temporal, social, cultural. Nesse sentido cabe à familia e à escola proporcionar as condições, as ferramentas para que os adolescentes sintam a necessidade de serem melhores, mais competentes, mais instruidos. Creio que atribuir as responsabilidades da falta de conhecimento ou interesse cultural somente aos adolescentes é algo de profundamente errado. Devemos procurar nos modelos que, nós adultos, estamos a trasmitir às gerações mais novas. Grande parte da aprendizagem baseia-se na observação e identificação com os modelos, nomeadamente sociais, como a nossa família, os amigos, os professores, etc. Bandura através da sua teoria da aprendizagem social refere que as pessoas, em especial os jovens, podem aprender novas respostas e comportamentos observando simplesmente o comportamento dos outros. Se o comportamento das gerações mais velhas não promove o valor do conhecimento é mais que natural que os adolescentes seguiam os seus modelos.
Pedro Coelho do Amaral
Fundamentação da escolha efectuada
A escolha da 1ª intervenção resulta do facto de esta expor, de uma forma fundamentada, as principais conclusões retiradas dos trabalhados analisados.
Não me limitando a elencar os resultados obtidos, tentei nesta intervenção estabelecer as teias de relação entre as principais conclusões e as diferentes matérias abordadas nesta disciplina e, mais uma vez, fundamentar as opiniões e acrescentar novo conhecimento. Por esse motivo considero que acabei por demonstrar neste post que consegui atingir os objectivos e competências proposto por esta unidade curricular.
A 2ª intervenção, apesar de fugir um pouco ao tema, surge após um processo de maturação relativo à questão da segurança na Internet e à questão do deficit cultural dos jovens. Como sabemos esses temas foram de forma intensiva e extensiva abordados, em diferentes momentos e locais, ao longo desta unidade curricular.
Penso que as opiniões e argumentos demonstrados nesta intervenção representam uma opinião fundamentada, resultado de um processo de reflexão pessoal e visa contribuir para uma visão mais esclarecidas dos temas abordados.
Pedro Coelho do Amaral

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Comentário/Reflexão_Análise da Identidade em Sites Sociais

Grelha de Análise de Sites Sociais de Jovens

Objectivo: Identificar as marcas identitárias da adolescência em sites sociais de jovens.

Competências: Construção de uma grelha de análise de marcas identitárias em sites sociais de jovens. Análise de um site social de jovens, tendo por base a grelha construída.

Comentário

Esta actividade representa o culminar de um processo de construção e solidificação de conhecimentos que foi sendo desenvolvido ao longo desta unidade curricular. Após o desenrolar das actividades anteriores tornou-se possível adquirir as competências que nos permitiram, de uma forma prática, objectiva e fundamentada, desenvolver um estudo que permitisse identificar marcas identitárias da adolescência nos novos meios digitais, em particular em sites sociais.
Como proposta de trabalho foi-nos pedido que construíssemos uma grelha de análise de sites pessoais, partindo de uma das diferentes redes sociais existentes. O objectivo como consta na proposta seria o de elaborar uma grelha que permitisse desenvolver um instrumento de análise sistematizado e que posteriormente permitisse identificar e reflectir sobre as marcas identitárias da adolescência. A nossa escolha, devidamente fundamentada no documento que suporta o trabalho do grupo Reaage, recaiu sobre o Hi5. Mais do que reflectir sobre as conclusões a que chegamos após essa análise, pois penso que as sínteses que apresento reflectem de uma forma bastante completa essas conclusões, importa esclarecer que muita da informação recolhida foi de encontro aquilo que havia sido discutido ao longo das restantes actividades.
Relativamente ao trabalho de grupo desenvolvido tudo correu, mais uma vez, da melhor forma possível, tendo todos os elementos contribuído para o desenvolvimento do trabalho.

Pedro Coelho do Amaral

Reflexão

Numa perspectiva cronológica fase à progressão da nossa aprendizagem nesta unidade curricular, podemos estabelecer um conjunto de conclusões que encontram pontos de encontro com o que foi sendo estudado. Essas conclusões permitem chegar à conclusão que os novos meios digitais funcionam como uma ferramenta, um meio de socialização e construção da identidade e por isso reflectem um conjunto de marcas identitárias e que se torna necessário desenvolver mais estudos para se compreender como os jovens se socializam. Aliás estas análises confirmam questões fundamentais sobre o papel das redes sociais enquanto espaços públicos de interacção e socialização. Fóruns de criação de regras e normas sociais, nos quais os adolescentes tentam definir a sua identidade, testar as suas capacidades e defender os seus pontos de vista, desbravando caminho na procura do seu papel na sociedade adulta que anseiam almejar. Como através da experimentação e da necessária validação perante os outros, como tantas vezes referimos ao longo desta disciplina. As redes sociais ou SNS (Social Network Sites) vêm atraindo progressivamente milhões de utilizadores, em especial os adolescentes pois possuem, de uma forma geral, um conjunto de pressupostos que facilitam e exponenciam o processo de comunicação e socialização. Essa redes permitem que o adolescente construa o seu próprio perfil, seja este público ou semi-público no qual plasma a sua identidade, ou como refere (Sundén, 2003, p. 3) no qual "type oneself into being". Algumas possíveis conclusões:
» Os resultados permitem concluir que os jovens analisados inserem-se na categoria dos nativos digitais, não só porque pertencem a essa faixa etária, mas fundamentalmente porque apresentam características que demonstram que a sua forma de comunicar, socializar, criar, etc, são compatíveis, até certo ponto, com a analogia de Prensky.
» Pela análise dos comentários e reflexões que surgiram após a publicação das respectivas análises, torna-se perceptível que alguns "emigrantes digitais" da turma apresentam uma visão bastante negativa do comportamento e atitudes dos jovens nativos, assumindo frontalmente o tal fosso geracional e uma certa incapacidade em compreender alguns desses comportamentos.
» Os resultados das diferentes grelhas permitiram também concluir que efectivamente os adolescentes atravessam durante a adolescência um processo de construção da sua identidade e que as redes sociais são verdadeiramente um meio onde constroem a sua personalidade, onde se apresentam perante os outros (erickson) em novos espaço de socialização. Os adolescentes utilizam estes recursos como uma espécie de diário onde expressam o se eu. Nota-se claramente a necessidade de demonstrar competências técnicas e sociais que são representadas pela forma como os conteúdos são apresentados. A confirmação de que, de um modo geral, existem diferenças entre sexos seja na linguagem, na forma de apresentação gráfica e tecnológica dos sites, na maneira como se mostram através de fotografias, etc.
» A existência de um linguagem especifica ou netspeak que com algumas variações é transversal nos diferentes sites analisados
Para terminar esta reflexão convêm referir uma vez mais a questão da segurança como uma questão transversal ao longo deste percurso. Como refiro nas minhas reflexões torna-se necessário um acompanhamento das actividades on-line dos nossos jovens e uma nova atitude pedagógica não só das famílias como das escolas e a da sociedade de uma forma geral.

Pedro Coelho do Amaral

Bibliografia:
Os recrsos disponibilizados nos Temas 2 e 3.

BOYD, d. m., & ELLISON, N. B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), article 11. http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html Huffaker, D. A., and Calvert, S. L. (2005).

Gender, identity, and language use in teenage blogs. Journal of Computer-Mediated Communication, 10(2), article 1. http://jcmc.indiana.edu/vol10/issue2/huffaker.html Recuero, Raquel (2008) Um estudo do capital social gerado a partir de Redes Sociais no Orkut e nos Weblogs Revista FAMECOS Porto Alegre nº 28 dezembro 2005 quadrimestral


sexta-feira, 29 de maio de 2009

Intervenções_Media Digitais e Construção da Identidade Social

Fórum A3 -> Síntese Global por Pedro Coelho do Amaral - Quinta, 7 Maio 2009, 14:29
Numa primeira abordagem transversal aos diferentes artigos proposto e sintetizados pelos grupos é possível identificar diferentes teias de relação que se estabelecem entre eles. A influência dos novos meios digitais na construção da identidade social dos jovens representa um novo paradigma. Um novo padrão assente em novos processos de construção e expressão do eu perante os outros, contextualizadas em novos espaços públicos de identificação e socialização. A revolução tecnológica e os inúmeros dispositivos de informação e comunicação que foram surgindo permitiram que, progressivamente, os jovens se apropriassem das suas características móveis, interactivas, portáteis e as moldassem aos seus interesses. Podendo assumir diferentes plataformas, conteúdos, linguagens ou abordagens torna-se claro que para compreender os adolescentes de hoje é necessário, antes de mais, analisar os espaços em que estes plasmam as suas novas formas de expressão, sejam blogs, páginas pessoais, redes sociais, telemóveis, mundos virtuais, redes de partilha de vídeos, músicas, ou outras formas.
Nos diferentes trabalhos ressaltam um conjunto de considerações que importa referir:
1)» Os novos meios influenciam e modelam a identidade dos jovens. Num período de transição da infância para a idade adulta, é aqui que se jogam os novos processos identitários e de socialização. Como refere o grupo I “ Para muitos jovens do mundo industrializado, os media digitais são modalidades significativas através das quais os jovens, consciente ou inconscientemente, procuram respostas sobre o ‘eu que sou eu”
2) As novas tecnologias, pelas características acima referidas, exponenciam um novo tipo de construção identitária, dinâmica, móvel, em constante evolução.
3) Os novos espaços de socialização funcionam como espaço de pertença ou identificação inter pares, de validação social, de auto realização, de divertimento, de amizade e voyerismo social. Como refere o grupo 2 “ Esta é uma forma de construírem a sua própria identidade, onde existe uma coexistência entre a identidade pública e a privada, num jogo de representação onde as avaliações internas e externas contribuem para uma construção do "eu.”
4) As novas tecnologias permitem o aparecimento de novas formas de expressão criativa e cultural, potenciadas pelas possibilidades tecnológicas que permitem uma rápida edição, difusão e permuta de conteúdos, assentes numa cultura colaborativa e participativa.
5) O surgimento de novos processos de aprendizagem, assentes em processos de educação não-formal, muito para lá dos muros da escola.
6) A incompreensão e receio dos adultos face a essa nova realidade.
Até já.
Pedro coelho do Amaral
Fórum A3 -> Síntese Grupo 1 -> Re: Síntese Grupo 1 por Pedro Coelho do Amaral - Sábado, 9 Maio 2009, 23:55
Este artigo reflecte de uma forma bastante interessante sobre a emergência de uma novo tipo de linguagem, um novo tipo de produção cultural impulsionada pelas ferramentas tecnológicas de comunicação e informação. Reflecte sobre o modo como os nativos digitais se apropriam dessas mesmas tecnologias de comunicação e informação “para se expressar e conhecer” tal como refere a síntese elaborada pelo grupo I.
Curiosamente, e em concordância com o artigo que ajudei a sintetizar no grupo IV sobre telemóveis, os autores referem que as identidades dos jovens tal como as novas tecnologias e os meios de comunicação estão em constante mudança, assumindo-se como identidades-em-acção, com múltiplas facetas vertidas em diferentes formas de se expressarem culturalmente.
Esses novos meios de transmissão, de armazenamento e de emissão comunicacionais em ambiente digital exponenciaram a partilha, a aproximação e o imediatismo. O seu aparecimento provocou profundas alterações na dinâmica comunicacional, social e cultural das nossas sociedades em especial nos jovens. Os meios modernos digitais, por dificuldade de delimitação das suas fronteiras, intitulam-se pelo termo genérico de novos média. Os novos média representam a convergência de três causas que se sobrepõem: a computação, os média e a comunicação em rede.
Historicamente os novos média (Manovich, 2001) surgem da convergência, em meados do séc. XX, de dois percursos históricos independentes. Um nasce da ascensão de tecnologias mediáticas modernas que permitiu o armazenamento de imagens, a sequência de imagens, de sons e de texto, utilizando diferentes formas de materiais (chapas fotográficas, películas de filme, discos em vinil). Outro, surge quando, este percurso a um dado momento se encontra com o avanço do computador, o qual evoluiu a sua utilização, para além dos cálculos, para o armazenamento da informação dos média. Nada mais conveniente e facilitador do que recorrer ao uso do computador para a produção, a distribuição e a exibição dos conteúdos média. Esta adopção do digital veio provocar uma profunda revolução na sociedade moderna pois afecta todas as formas culturais e sociais mediadas pelo computador. Como afirma Manovich (2001, pag. 19) “Indeed, the introduction of the printing press affected only one stage of cultural communication – the distribution of media. Similarly, the introduction of photography affected only one type of cultural communication – still images. In contrast, the computer media revolution affects all stages of communication, including acquisition, manipulation, storage, and distribution; it also affects all types of media – texts, still images, moving images, sound, and spatial constructions ”. A capacidade dos novos média em comunicar informação multimédia abriu caminho a novas formas de interacção com o utilizador mais profícuas e que se revelam nos inúmeros exemplos que este trabalho apresenta. O conceito de multimédia surge na sequência do aparecimento dos novos média e significa uma forma de comunicação que é aglutinadora de vários elementos estáticos (textos, imagens) e dinâmicos (som, vídeo, animações) para construir uma mensagem.
Será partindo desta nova linguagem revolucionária que hoje assistimos a um processo de (re)construção da nossa identidade individual e colectiva plasmada em novos processos de comunicação e partilha, em novas formas de produção cultural, que são utilizadas pelos jovens como excelentes ferramentas para se exprimiram. Hoje os produtos culturais dos jovens são produzidos com recurso às tecnologias que dominam e inovam através da associação de diferentes recursos, analógicos ou digitais, textuais, visuais ou sonoros. Como refere o grupo I deixando “a sua marca a dois níveis, no mundo de produção e no próprio produto cultural.”
Pedro Coelho do Amaral

Fundamentação das escolhas

Escolhi a primeira intervenção porque, após a leitura das diferentes sínteses apresentadas, senti a necessidade de fazer um ponto da situação retirando algumas das principais ideias de cada um dos textos. Como foi o primeiro post a apresentar uma visão global dos trabalhos individuais serviu de mote para que outros colegas fizessem o mesmo, numa discussão que considerei na altura, demasiado dispersa e segmentada. O post estabelece também uma visão de conjunto face ao que havia sido discutido ao longo desta unidade curricular.
A segunda intervenção exigiu um trabalho de investigação e (re) leitura da obra de Manovich "The Language of New Media" sobre uma temática que me interessa bastante relacionada com a linguagem dos novos media e a emergência de uma novo tipo de linguagem, um novo tipo de produção cultural impulsionada pelas ferramentas tecnológicas de comunicação e informação e, consequentemente, sobre a forma como os jovens a utilizam, produzem e consomem.
No entanto devo referir que senti grandes dificuldades na escolha, não só pelo elevado nº de posts de qualidade enviados pela turma, mas também porque nesta actividade coloquei 7 intervenções que considero conterem qualidade suficiente para serem escolhidas. No entanto escolho aquela que considero mais interessante do ponto de vista de partilha de novo conhecimento.
Pedro Coelho do Amaral

terça-feira, 26 de maio de 2009

Comentário/Reflexão_Media Digitais e Construção da Identidade Social

Actividades Sociais e Desenvolvimento da Identidade nos Jovens

Objectivo: Reconhecer a influência dos media digitais na construção da identidade social dos jovens.

Competências: Analisar e discutir o papel dos media digitais na construção da identidade social dos jovens.

Comentário

Esta terceira actividade surge como o prolongamento do que havia sido abordado no tema anterior. Do ponto de vista de aquisição de conhecimentos foi a que considerei mais complexa pela extensão e abrangência dos conteúdos mas ao mesmo tempo a mais estimulante e enriquecedora. A leitura das sínteses e posterior discussão permitiu adquirir uma visão global do papel de diferentes media digitais na construção social dos jovens e Identificar os tipos de utilização dos media digitais por parte das gerações mais jovens. Se na actividade anterior a reflexão centrou-se nos blogues e nas páginas pessoais, nesta fase podemos adquirir uma maior abrangência tendo em atenção outros meios digitais e outras características que permitem percepcionar a identidade social dos jovens plasmada e moldada na sua relação com os novos meios digitais.
O trabalho desenvolvido pelo meu grupo de trabalho habitual, ao qual se juntou a Paula, foi uma vez mais executado de forma irrepreensível e em perfeita sintonia. Neste trabalho fizemos uma síntese do artigo Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media” de G. Stald, (2008). Este texto revelou-se bastante interessante e dele tirei algumas perspectivas pertinentes tais como a ideia de que para o adolescente um telemóvel representa muito mais que um simples dispositivo de comunicação, contrariamente à maioria dos adultos. É um meio de comunicação de duplo sentido que funciona como ferramenta de comunicação, mas sobretudo como meio de socialização inter pares. Retirei também, entre outros aspectos, a percepção das teias de relação que se estabelecem entre as características móveis da tecnologia e as características também elas móveis da identidade dos jovens, alicerçadas em processos de contínua transformação e afirmação pessoal.
Para além do documento que sintetizamos devo referir também que os restantes textos e a posterior discussão que se segui, apresentaram perspectivas que enriqueceram, como acima referi, os meus conhecimentos sobre a temática desenvolvida nesta unidade curricular. Nesse sentido, considero que esta foi a actividade mais proveitosa, do ponto de vista da aprendizagem significativa, de todas as realizadas até ao momento.

Reflexão
Nesta reflexão não pretendo debruçar-me directamente sobre os dados recolhidos e discutidos, ainda para mais porque me iria repetir em relação ao que foi referi nas minhas intervenções e na dos meus colegas, mas antes meditar sobre todo o processo em si mesmo.
Como afirma Negroponte em Be Digital (13) enquanto se discute à tanto tempo e de uma forma tão intensa a transição da era industrial para a era pós-industrial, tem passado despercebido à maioria das pessoas que caminhamos a passos largos para a era da pós-informação, num mundo em que as profundas mudanças afectam de forma irreversível o ser humano, não só nas interacções económicas, mas sobretudo no mais íntimo do seu ser, a identidade, a interacção social e a produção cultural. Ou seja, enquanto estamos nós, adultos emigrantes, a debater questões que são irreversíveis, os nossos adolescentes são já o produto dessa fase pós-informação na qual a tecnologia e os meios digitais em especial, à boa maneira de McLuhan tornam-se uma extensão do corpo humano (ou, se preferirmos uma segunda pele). Noutro artigo, The DNA of Information - Bits and Atoms, Nicholas Negroponte refere que vivemos cada vez mais alicerçado numa realidade digital, quantificada sobre a forma de bits e bytes, que progressivamente vem substituindo ou complementado a nossa realidade analógica, composta de átomos. Se analisarmos os novos espaços de construção da identidade social que temos vindo a analisar como as redes sociais, os telemóveis, as páginas pessoais, os blogs, etc, e se juntarmos a isto outras redes de partilha de conteúdos como o youtube, os jogos de computador multiutilizador ou o ainda não explorado (por esta faixa etária) Second Life, podemos perceber que o futuro da nossos jovens, e das gerações que se seguirão, serão tendencialmente vivido em mundo virtuais. . Parafraseando José B. Tercero no seu livro Sociedade Digital (1996:31) “ A substituição do átomo pelo bit, do físico pelo digital, a um ritmo exponencial, acabará por converter o homo sapiens em homo digitalis.” É sobre essa perspectiva que é preciso pensar a forma como esducamos e formamos os nossos jovens.

Pedro Coelho do Amaral

Texto 1
Weber, S.; Mitchell, C. (2008). Imaging, Keyboarding, and Posting Identities: Young People and New Media Technologies. In Youth, Identity, and Digital Media: 25-47.
Texto 2
Stern, S. (2008). Producing Sites, Exploring Identities: Youth Online Authorship. In Youth, Identity, and Digital Media: 95-117.
Texto 3
Boyd, D. (2008). Why Youth ♥ Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life. In Youth, Identity, and Digital Media: 119-142.
Texto 4
Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.
Texto 5
Goldman, S.; Booker, A., & McDermott, M. (2008). Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation. In Youth, Identity, and Digital Media: 185-206.
Texto 6
Yardi, S. (2008). Whispers in the Classroom. In Digital Youth, Inovation, and the Unexpected: 143-164.

Nicholas Negroponte http://archives.obs-us.com/obs/english/books/nn/bdcont.htm



Sintese Global Texto 4


quinta-feira, 30 de abril de 2009

Intervenções_Identidade Social na Adolescência

Re: Sintese dos recursos de aprendizagem disponibilizados
por Rui Fernandes - Sábado, 4 Abril 2009, 08:06
Concordo com a Paula em relação às sínteses apresentadas, pelo que me permito fazer um comentário pessoal acerca da questão desta actividade, com base na documentação lida, mas não como forma de síntese da problemática. A busca de uma identidade na adolescência é, reconhecidamente, um processo atribulado, mais ou menos, rebelde, resultado de todo um percurso que envolve períodos de crise ou de exploração e os momentos em que se devem começar a assumir compromissos mais sérios, seja em termos profissionais, pessoais ou familiares. As etapas percorridas na procura da identidade são vividas de formas diferentes, consoante as interacções e os envolvimentos sociais, familiares, económicos que rodeiam os jovens, mas também o seu desenvolvimento intrínseco em termos físicos e mentais.É aceite, nos dias que correm, que este processo de aquisição de uma identidade não se conclui com o final da adolescência mas com a definição de uma carreira profissional e com uma estabilidade económica assegurada. Isto pode revelar-se preocupante e gerar problemas sociais graves já que, hoje em dia, são estimulados os desempenhos por objectivos, não há empregos fixos, pretende-se que ninguém tenha emprego e estabilidade económica assegurada para toda a vida. Ora, isto não poderá levar a dificuldades acrescidas na busca de uma identidade? Não levará a que os indivíduos só consigam alcançar essa identidade muito mais tarde na vida? Teremos "velhos" adolescentes? Ou a hostilização social e a rebeldia vão extrapolar-se e atingir para além de pais e questões menores (como as questões quotidianas da roupa, do frio, dos estudos...), toda a sociedade e questões mais graves de conflitualidade grave e criminalidade? Este é um aspecto preocupante, no meu entender, que deve merecer a nossa atenção e dedicação, pois numa fase de afirmação pessoal como esta, todos os factores de estabilidade, que cada vez existem menos, são muito importantes. Cada vez é mais difícil responder à questão "quem sou eu?". Será que pode ser isto que causa desinteresse nos nossos jovens, por exemplo, na escola? A perspectiva de não contar com um futuro certo, desinteressando-se das actividades escolares, considerando que "aquilo" não serve para nada?...Também a comunicação é um aspecto interessante de analisar nesta procura da identidade social. Os adolescentes, nomeadamente, na internet utilizam uma linguagem muito simplificada e com características tecnológicas distintivas que os colocam à margem de outros comunicadores. Não exige grandes conhecimentos. O grande problema é que. mais uma vez pela experiência profissional, este tipo de linguagem levanta dificuldades no entendimento da escrita como ela deve ser feita, conduzindo os jovens a erros permanentes e a escrita incorrecta quando estão fora do âmbito da internet. Constroem as suas páginas e os seus blogues, onde a comunicação parece ser mais fácil. Nos estudos que tivemos oportunidade de ler, verifica-se que a evolução pode levar a algumas diferenças na comunicação mas que parecem diluir-se noutros estudos. Julgo que, hoje em dia, podemos falar em muitas semelhanças. Naturalmente, há diferenças, os homens tendem a utilizar os emoticons mais com mulheres do que com homens, as mulheres são mais delicadas na escrita, mas o grande resultado é que em ambos os casos, a internet é utilizada porque todos acham que a possibilidade de anonimato lhes confere um poder de transmitir a informação que desejam dar a conhecer, sem terem de rebelar a identidade. Isso permite que as pessoas divulguem aspectos da sua vida pessoal que, de outra forma, não conseguiriam dar a conhecer. Mas as diferenças são cada vez menos significativas.É verdade que os indivíduos se revelam na internet como em nenhum outro local seriam capazes de fazer, como o é que a construção de identidade se faz muito pela comunicação virtual. Também todo o meio tem a sua influência, bem como os valores, a educação e todas as interacções de amizade. Mas tenho como ideia base que a grande fatia tem a ver com factores genéticos de personalidade, daquilo que cada um parece trazer "escrito" no seu código. Depois, pode "perder-se", "encontrar-se", optar por este ou aquele caminho, mas há sempre uma base daquilo que cada um parece ter definido à priori como caminho a percorrer. Poderá esta opinião ser questionada, naturalmente, mas não consigo deixar de pensar em duas pessoas que conheço bem, do mesmo sexo, idades aproximadas (2 anos de diferença) educadas com os mesmos valores, o mesmo meio envolvente, os mesmos contactos de amizade, a mesma família, os mesmos meios e formas de comunicação e linguagem, as mesmas regras sociais, o mesmo estatuto económico e que vão manifestando identidades muito diferentes... RF
Fórum A2 -> Síntese dos recursos de aprendizagem disponibilizados -> Re: Sintese dos recursos de aprendizagem disponibilizados por Pedro Coelho do Amaral - Domingo, 12 Abril 2009, 12:46
Para reforçar a ideia que os adolescentes projectam a sua identidade através dos novos meios digitais, diferentes estudos tentam compreender e analisar quem o faz, como o fazem e porquê o fazem. Dos diferentes estudos a que tive acesso são retiradas algumas conclusões bastante interessantes e que demonstram que os meios digitais (ainda numa fase embrionária face às possibilidades tecnológicas que se adivinham), assumem-se como ferramentas de comunicação e socialização complementares aos meios tradicionais e perspectivam uma revolução paradigmática no desenvolvimento dos processos de construção da identidade. Eis alguns exemplos:
Segundo Amanda Lenhart, investigadora principal do estudo "Teen Content Creators and Consumers "Para os adolescentes americanos, os blogs funcionam como uma forma de auto-expressão, socialização, um meio para construir relações e uma forma de marcar a sua presença on-line.” Na sua definição de criadores de conteúdos, a autora do estudo descreve os adolescentes como construtores activos de páginas web ou blogs, que partilham os seus conteúdos originais criativos ou misturam conteúdos que encontram on-line projectando-os em novas formas de criação que funcionam como uma palete para a afirmação das suas personalidade.
Mary Madden co-autora do estudo refere que a mistura de conteúdos criativos é uma das formas através das quais os adolescentes colocam um carimbo pessoal nos seus trabalhos, numa fase das suas vidas em que estão essencialmente focados em estabelecer a sua identidade.
Os autores referem ainda que os adolescentes que possuem ou acedem a blogs, não comunicam com estranhos, desmistificando uma das ideias feitas sobre a sua imaturidade e os perigos da socialização on-line: " Para os jovens, o objectivo (dos blogs) é reforçar e manter relações de amizade e não ler sobre a opinião de estranhos.”
http://www.pewinternet.org/~/media/Files/Reports/2005/PIP_Teens_Content_Creation.pdf.pdf
http://www.pewinternet.org/Media-Mentions/2005/Teens-Dont-Blog-With-Strangers.aspx
Outro estudo observa o exponencial aumento de adolescentes que criam ou utilizam blogs – de 19 % em 2004 para 28% em 2006 e com clara tendência para aumentar. Esse estudo indica que são as raparigas, a força empreendedora deste acréscimo significativo (dois terços dos adolescentes que utilizam blogues são raparigas) e que o fazem com o objectivo de reflectir sobre a sua vida, em particular sobre a escola, amizades e a sua vida para lá dos muros da escola. Os seus blogs são parte diário, parte procura do seu eu através da interacção social com os seus amigos, parte iniciadores de conversação e de uma forma geral mais propensos (em comparação com os blogs criados por rapazes) para revelar as suas emoções do que descrever acontecimentos. Dos diferentes depoimentos referenciados destaco estes:
"It's just a little easier than talking about your feelings to write about it," says Taranto, 17. "Then it's easier to talk about it."
"i feel like there is this gaping hole that i just cant fix. i dont even know why the hole is there. i have a great family and great friends. the only thing that is missing is someone who loves me, but i dont even think that is causing this hole. it just hurts so bad sometimes." (Taranto, Jan. 30)
http://www.boston.com/lifestyle/articles/2008/04/05/dear_blog/
Para finalizar um estudo interessante sobre um paradoxo que contrapõem o facto de os adolescentes passarem um considerável tempo da sua vida a escrever (mais que os seus progenitores), mas não consideram o que escrevem em ambiente digital como verdadeira escrita, ferramenta fundamental para o seu futuro.
Como se afirma no estudo “ Os adolescentes sabem que escrever é importante. A maioria sabe que a escrita informal que actualmente praticam não será sustentável quando se tornarem adultos. No entanto, retiram grande prazer em desenvolver um estilo pessoal e informal de escrita como uma forma de expressar e distinguir o que realmente são.”
Outra questão importante é o prazer em descobrir e dominar as ferramentas tecnológicas da escrita e os mecanismos de comunicação on-line, distinguindo-se dos outros.
“There are all sorts of things in texting that you can put [in]. Like you can put an exclamation mark in the beginning and the end, or a question mark, or a smiley face, or all caps to show you are yelling. – 11/12th Grade Girl, Pacific Northwest City.”
http://www.pewinternet.org/Reports/2008/Writing-Technology-and-Teens.aspx

Pedro Coelho do Amaral
Fundamentação da escolha efectuada

A escolha da 1ª intervenção do meu colega Rui Fernandes resulta do facto de este expor uma visão pessoal fundamentada do tema em discussão. Não se limitando ao assunto proposto levanta um conjunto de dúvidas e questões pertinentes que, no momento que foram proferidas, funcionaram como um elemento de elevação e motivação da discussão no Fórum.
A escolha da segunda intervenção da minha autoria espelha, em conjunto com outras por mim feitas ao longo deste percurso, um aturado trabalho de pesquisa de fontes de informação adicionais que penso terem contribuido, pela pertinência das temáticas, como uma mais-valia na discussão no Fórum. Considerando que a recolha, análise e reflexão de outros recursos educativos, para além dos propostos, é um dos objectivos e mais-valias deste tipo de ensino, considero que esta intervenção se revelou importante e demonstra uma procura de conhecimento adicional sobre a temática abordada.
Pedro Coelho do Amaral

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comentário/Reflexão_Identidade Social na Adolescência

Discussão do Processo de Construção da Identidade na Adolescência

Objectivo: Identificar as características e discutir o processo de construção de identidade na adolescência.

Competências: Analisar o processo de construção da identidade durante o período da adolescência


Comentário

Após a primeira actividade em que o trabalho desenvolvido permitiu identificar, discutir e definir algumas das principais características atribuíveis ao estudante digital, através de uma caracterização exaustiva do seu perfil, esta segunda proposta resultou num aprofundar do nosso conhecimento sobre o objecto de estudo, no sentido de identificar as suas características através da análise do processo de construção da identidade durante o período da adolescência e tendo em conta abordagens teóricas e estudos exploratórios sobre os novos espaços de socialização proporcionados pelos meios digitais.
Os recursos de aprendizagem disponibilizados e a posterior discussão que se seguiu permitiram compreender e demonstrar a importância desses novos meios digitais, no caso particular os blogs e páginas pessoais, nos processos de construção da identidade e de socialização naqueles que, no trabalho anterior, aprendemos a designar por Nativos Digitais, em contraponto com os processos tradicionais de construção da personalidade e socialização do mundo off-line.
Compreendemos que, apesar da identidade ser um processo de desenvolvimento pessoal que se inicia no nascimento e termina na velhice, como refere Erikson (1968) nos oito estádios do Ciclo da Vida, é na etapa de desenvolvimento da adolescência que se processa a aquisição/construção de um sentido estável de identidade e direcção baseado em experiências pessoais que envolvem sucesso e satisfação combinadas com aceitação social e reconhecimento. É uma etapa que se centra num conflito entre Identidade vs confusão de Identidade e um passo crucial na transformação do adolescente em jovem adulto psicossocialmente maduro e produtivo.
Partindo da análise e constatação que os pré-adolescentes e adolescentes utilizam cada vez mais ambientes virtuais de interacção e socialização, tais como weblogs, páginas pessoais e outras redes de comunicação, tentamos debater como e de que forma esses ambientes, de carácter flexível e potencialmente anónimo, são utilizados na construção, expressão e exploração das suas identidades em formação e na edificação de comunidades em rede que essas ferramentas potenciam.
Do ponto de vista pessoal, devo referir que gostei bastante do tema abordado. Trabalhando diariamente com adolescentes, posso afirmar que a leitura e análise dos textos sobre o processo de construção da identidade durante o período da adolescência e posterior discussão permitiu-me compreender melhor um conjunto de questões relacionadas com os seus comportamentos e atitudes e a importância dos novos meios digitais no processo de construção da identidade social. Provavelmente todos nós nos esquecemos em grande parte dos acontecimentos que marcaram esta etapa da nossa vida. Este trabalho despertou-me para uma fase da vida já esquecida, mas no qual revi inúmeros aspectos.
Ao nível do trabalho desenvolvido destaco o meu esforço na pesquisa, análise e apresentação de outros recursos educativos que penso terem contribuído para uma melhoria na discussão em fórum.

Pedro Coelho do Amaral

Reflexão

Foi bastante interessante verificar algo sobre o qual nunca havia reflectido, ou seja, a influência da internet e das aplicações/ferramentas digitais associadas e a importância do papel que desempenham na construção da identidade durante a fase da adolescência. Um dos aspectos centrais que retirei da leitura dos recursos e da posterior discussão que se segui foi o facto dos jovens vivenciarem sentimentos de competência quando constroem blogs ou páginas pessoais. Dito de outra forma, a necessidade que os pré-adolescentes e adolescente têm em sentir que conseguiram alcançar ou dominar determinadas aptidões de forma a avançarem no processo de descoberta de quem realmente são, ou seja a formação da identidade. Reflectir sobre como esta nova forma de expressão, através do recurso a meios digitais, permite o domínio de aptidões tecnológicas e sociais contribuindo de forma marcante para o desenvolvimento da sua identidade, funcionando como um fórum de expressão, socialização e em muitos casos de intimidade.
Enquanto adolescente que fui, lembro-me perfeitamente da importância de demonstrar perante os outros as minhas capacidades em domínios como o desporto, a música, o desempenho escolar, ou a capacidade de ter amigos e, já agora, amigas. Apesar de pertencer à geração do Spectrum não me recordo que o domínio da tecnologia assumisse um papel tão importante para a construção da minha identidade. No entanto hoje a realidade é bem diferente. Se os jovens vivem e passam grande parte das suas vidas para lá do ecrãn do computador torna-se natural que esta nova arena assuma uma importância crescente nas suas vidas. Consequentemente, torna-se também importante que o sucesso que obtêm no domínio das tecnologias associadas se assuma um aspecto de afirmação perante os outros.
Outro aspecto interessante que esta actividade permitiu foi percepcionar que perante estes novos meios digitais os jovens têm a possibilidade, de uma forma livre e privada e dominando o seu próprio espaço e tempo, de se expressar publicamente e anonimamente perante uma grande audiência. Neste processo de interacção os jovens preferem expor aspectos interiores das suas identidades, omitindo ou filtrando factores externos como etnicidade, saúde, aparência e outras referências que possam contribuir para quebrar o carácter anónimo das interacções.
As razões porque criam páginas pessoais são diversas e apontam para o facto do carácter anónimo dessas interacções permitir, pela ausência de medo ou vergonha implícita, processos de expansão do seu mundo social ou aprofundar relações existentes e criar um espaço de auto-apresentação das suas emergentes identidades face a outros. Os estudos que analisamos também reflectiram sobre variantes relacionadas com a idade ou género dos jovens e a forma como esses factores influem no desenvolvimento dos processos de construção e interacção.
Foi ainda possível através desta actividade compreender alguns aspectos interessantes potenciados pelos novos media que permitem uma exploração diferente dos processos identitários e novas formas de expressão. Compreender que os blogs ou páginas pessoais funcionam como uma espécie de diário, nos quais apesar dos adolescentes terem a possibilidade de se apresentar de uma forma ficcional, sob o manto de múltiplas e diversas faces perante os outros, preferiram manifestar-se tal como são na realidade, representado os blogs uma extensão do seu mundo real. Nesse sentido, os blogs funcionam como autênticos repositórios de informação pessoal, onde os adolescentes partilham as suas relações afectivas, traços de personalidade, opiniões, dados pessoais, etc., estimulando o acesso e troca de inúmeras formas de contacto entre diferentes utilizadores.
A linguagem utilizada com o uso intensivo de ecomotions e smileys que permitem exprimir sentimentos e emoções, adaptando uma aplicação mais gráfica ou textual consoante a complexidade do que pretendem transmitir. Compreender que esses recursos são utilizados para preencher algum do vazio da comunicação on-line, reflexo da inexistência do contacto facial ou a utilização de movimentos corporais que em situação de interacção analógica são utilizados para expressar pensamentos e emoções, permitindo acentuar ou enfatizar determinado tom ou significado e estabelecer o humor ou determinada impressão que o autor pretende transmitir.
Descobrir que os blogs funcionam como espaço de identidade e identificação sexual/afectiva e reflectem uma maturação dessa mesma identidade similar à que os adolescentes vivem na sua vida real. Funcionam também como uma excelente ferramenta para determinados grupos exporem sentimentos ou identidades sexuais que no exterior são alvo de reprovação.
A descoberta através da análise do tipo de linguagem e interacção social protagonizadas por rapazes ou raparigas reflecte, pelo menos na blogesfera, uma alteração dos padrões anteriormente considerados, prevendo uma progressiva alteração dos comportamentos socialmente preestabelecidos. Neste caso uma significativa alteração nos padrões de linguagem por parte de adolescentes femininas que, pela flexibilidade e liberdade dos meios digitais, demonstra a inexistência de uma divisão clara na forma de expressão e socialização face aos adolescentes rapazes.
Todos estes conhecimentos que retirei desta actividade fora elementos importantes para compreender a importância dos media digitais na vida dos adolescentes.
Outra das questões bastante debatida foi a segurança. Sendo esta turma constituída na sua grande maioria por professores e num grande nº de casos por pais, era natural que esse assunto fosse abordado. É naturalmente um assunto polémico e sujeito a discussão. Como foi referindo ao longo das discussões neste fórum, a perigosidade dos novos meios de socialização e construção de personalidade estão intimamente ligados com a capacidade da sociedade conseguir passar a mensagem aos mais jovens no sentido de os alertar para esses perigos e os ajudar a encontrar as suas enormes potencialidades.

Pedro Coelho do Amaral

Bibliografia

Recursos de Aprendizagem:
Huffaker, D.; Calvert, S. (2008). Gender, Identity and Language Use in Teenage Blogs. In Journal of Computater-Mediated Comunication, 10 (2), article 1.
Schmitt, K.; Dayanim, S.; & Matthias, S. (2008). Personal Homepage Construction as an Expression of Social Development. In Development Psychology, 44 (2), 496-506.
Recurso Complementar
Schoen-Ferreira, T.; Aznar-Faria, M.; Silvares, E. (2003). A construção da identidade em adolescentes: Um estudo exploratório. In Estudos de Psicologia, 8 (1), 107-115.

http://www.pewinternet.org/~/media/Files/Reports/2005/PIP_Teens_Content_Creation.pdf.pdf
http://www.pewinternet.org/Media-Mentions/2005/Teens-Dont-Blog-With-Strangers.aspx
http://www.boston.com/lifestyle/articles/2008/04/05/dear_blog/
http://www.pewinternet.org/Reports/2008/Writing-Technology-and-Teens.aspx