sexta-feira, 29 de maio de 2009

Intervenções_Media Digitais e Construção da Identidade Social

Fórum A3 -> Síntese Global por Pedro Coelho do Amaral - Quinta, 7 Maio 2009, 14:29
Numa primeira abordagem transversal aos diferentes artigos proposto e sintetizados pelos grupos é possível identificar diferentes teias de relação que se estabelecem entre eles. A influência dos novos meios digitais na construção da identidade social dos jovens representa um novo paradigma. Um novo padrão assente em novos processos de construção e expressão do eu perante os outros, contextualizadas em novos espaços públicos de identificação e socialização. A revolução tecnológica e os inúmeros dispositivos de informação e comunicação que foram surgindo permitiram que, progressivamente, os jovens se apropriassem das suas características móveis, interactivas, portáteis e as moldassem aos seus interesses. Podendo assumir diferentes plataformas, conteúdos, linguagens ou abordagens torna-se claro que para compreender os adolescentes de hoje é necessário, antes de mais, analisar os espaços em que estes plasmam as suas novas formas de expressão, sejam blogs, páginas pessoais, redes sociais, telemóveis, mundos virtuais, redes de partilha de vídeos, músicas, ou outras formas.
Nos diferentes trabalhos ressaltam um conjunto de considerações que importa referir:
1)» Os novos meios influenciam e modelam a identidade dos jovens. Num período de transição da infância para a idade adulta, é aqui que se jogam os novos processos identitários e de socialização. Como refere o grupo I “ Para muitos jovens do mundo industrializado, os media digitais são modalidades significativas através das quais os jovens, consciente ou inconscientemente, procuram respostas sobre o ‘eu que sou eu”
2) As novas tecnologias, pelas características acima referidas, exponenciam um novo tipo de construção identitária, dinâmica, móvel, em constante evolução.
3) Os novos espaços de socialização funcionam como espaço de pertença ou identificação inter pares, de validação social, de auto realização, de divertimento, de amizade e voyerismo social. Como refere o grupo 2 “ Esta é uma forma de construírem a sua própria identidade, onde existe uma coexistência entre a identidade pública e a privada, num jogo de representação onde as avaliações internas e externas contribuem para uma construção do "eu.”
4) As novas tecnologias permitem o aparecimento de novas formas de expressão criativa e cultural, potenciadas pelas possibilidades tecnológicas que permitem uma rápida edição, difusão e permuta de conteúdos, assentes numa cultura colaborativa e participativa.
5) O surgimento de novos processos de aprendizagem, assentes em processos de educação não-formal, muito para lá dos muros da escola.
6) A incompreensão e receio dos adultos face a essa nova realidade.
Até já.
Pedro coelho do Amaral
Fórum A3 -> Síntese Grupo 1 -> Re: Síntese Grupo 1 por Pedro Coelho do Amaral - Sábado, 9 Maio 2009, 23:55
Este artigo reflecte de uma forma bastante interessante sobre a emergência de uma novo tipo de linguagem, um novo tipo de produção cultural impulsionada pelas ferramentas tecnológicas de comunicação e informação. Reflecte sobre o modo como os nativos digitais se apropriam dessas mesmas tecnologias de comunicação e informação “para se expressar e conhecer” tal como refere a síntese elaborada pelo grupo I.
Curiosamente, e em concordância com o artigo que ajudei a sintetizar no grupo IV sobre telemóveis, os autores referem que as identidades dos jovens tal como as novas tecnologias e os meios de comunicação estão em constante mudança, assumindo-se como identidades-em-acção, com múltiplas facetas vertidas em diferentes formas de se expressarem culturalmente.
Esses novos meios de transmissão, de armazenamento e de emissão comunicacionais em ambiente digital exponenciaram a partilha, a aproximação e o imediatismo. O seu aparecimento provocou profundas alterações na dinâmica comunicacional, social e cultural das nossas sociedades em especial nos jovens. Os meios modernos digitais, por dificuldade de delimitação das suas fronteiras, intitulam-se pelo termo genérico de novos média. Os novos média representam a convergência de três causas que se sobrepõem: a computação, os média e a comunicação em rede.
Historicamente os novos média (Manovich, 2001) surgem da convergência, em meados do séc. XX, de dois percursos históricos independentes. Um nasce da ascensão de tecnologias mediáticas modernas que permitiu o armazenamento de imagens, a sequência de imagens, de sons e de texto, utilizando diferentes formas de materiais (chapas fotográficas, películas de filme, discos em vinil). Outro, surge quando, este percurso a um dado momento se encontra com o avanço do computador, o qual evoluiu a sua utilização, para além dos cálculos, para o armazenamento da informação dos média. Nada mais conveniente e facilitador do que recorrer ao uso do computador para a produção, a distribuição e a exibição dos conteúdos média. Esta adopção do digital veio provocar uma profunda revolução na sociedade moderna pois afecta todas as formas culturais e sociais mediadas pelo computador. Como afirma Manovich (2001, pag. 19) “Indeed, the introduction of the printing press affected only one stage of cultural communication – the distribution of media. Similarly, the introduction of photography affected only one type of cultural communication – still images. In contrast, the computer media revolution affects all stages of communication, including acquisition, manipulation, storage, and distribution; it also affects all types of media – texts, still images, moving images, sound, and spatial constructions ”. A capacidade dos novos média em comunicar informação multimédia abriu caminho a novas formas de interacção com o utilizador mais profícuas e que se revelam nos inúmeros exemplos que este trabalho apresenta. O conceito de multimédia surge na sequência do aparecimento dos novos média e significa uma forma de comunicação que é aglutinadora de vários elementos estáticos (textos, imagens) e dinâmicos (som, vídeo, animações) para construir uma mensagem.
Será partindo desta nova linguagem revolucionária que hoje assistimos a um processo de (re)construção da nossa identidade individual e colectiva plasmada em novos processos de comunicação e partilha, em novas formas de produção cultural, que são utilizadas pelos jovens como excelentes ferramentas para se exprimiram. Hoje os produtos culturais dos jovens são produzidos com recurso às tecnologias que dominam e inovam através da associação de diferentes recursos, analógicos ou digitais, textuais, visuais ou sonoros. Como refere o grupo I deixando “a sua marca a dois níveis, no mundo de produção e no próprio produto cultural.”
Pedro Coelho do Amaral

Fundamentação das escolhas

Escolhi a primeira intervenção porque, após a leitura das diferentes sínteses apresentadas, senti a necessidade de fazer um ponto da situação retirando algumas das principais ideias de cada um dos textos. Como foi o primeiro post a apresentar uma visão global dos trabalhos individuais serviu de mote para que outros colegas fizessem o mesmo, numa discussão que considerei na altura, demasiado dispersa e segmentada. O post estabelece também uma visão de conjunto face ao que havia sido discutido ao longo desta unidade curricular.
A segunda intervenção exigiu um trabalho de investigação e (re) leitura da obra de Manovich "The Language of New Media" sobre uma temática que me interessa bastante relacionada com a linguagem dos novos media e a emergência de uma novo tipo de linguagem, um novo tipo de produção cultural impulsionada pelas ferramentas tecnológicas de comunicação e informação e, consequentemente, sobre a forma como os jovens a utilizam, produzem e consomem.
No entanto devo referir que senti grandes dificuldades na escolha, não só pelo elevado nº de posts de qualidade enviados pela turma, mas também porque nesta actividade coloquei 7 intervenções que considero conterem qualidade suficiente para serem escolhidas. No entanto escolho aquela que considero mais interessante do ponto de vista de partilha de novo conhecimento.
Pedro Coelho do Amaral

terça-feira, 26 de maio de 2009

Comentário/Reflexão_Media Digitais e Construção da Identidade Social

Actividades Sociais e Desenvolvimento da Identidade nos Jovens

Objectivo: Reconhecer a influência dos media digitais na construção da identidade social dos jovens.

Competências: Analisar e discutir o papel dos media digitais na construção da identidade social dos jovens.

Comentário

Esta terceira actividade surge como o prolongamento do que havia sido abordado no tema anterior. Do ponto de vista de aquisição de conhecimentos foi a que considerei mais complexa pela extensão e abrangência dos conteúdos mas ao mesmo tempo a mais estimulante e enriquecedora. A leitura das sínteses e posterior discussão permitiu adquirir uma visão global do papel de diferentes media digitais na construção social dos jovens e Identificar os tipos de utilização dos media digitais por parte das gerações mais jovens. Se na actividade anterior a reflexão centrou-se nos blogues e nas páginas pessoais, nesta fase podemos adquirir uma maior abrangência tendo em atenção outros meios digitais e outras características que permitem percepcionar a identidade social dos jovens plasmada e moldada na sua relação com os novos meios digitais.
O trabalho desenvolvido pelo meu grupo de trabalho habitual, ao qual se juntou a Paula, foi uma vez mais executado de forma irrepreensível e em perfeita sintonia. Neste trabalho fizemos uma síntese do artigo Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media” de G. Stald, (2008). Este texto revelou-se bastante interessante e dele tirei algumas perspectivas pertinentes tais como a ideia de que para o adolescente um telemóvel representa muito mais que um simples dispositivo de comunicação, contrariamente à maioria dos adultos. É um meio de comunicação de duplo sentido que funciona como ferramenta de comunicação, mas sobretudo como meio de socialização inter pares. Retirei também, entre outros aspectos, a percepção das teias de relação que se estabelecem entre as características móveis da tecnologia e as características também elas móveis da identidade dos jovens, alicerçadas em processos de contínua transformação e afirmação pessoal.
Para além do documento que sintetizamos devo referir também que os restantes textos e a posterior discussão que se segui, apresentaram perspectivas que enriqueceram, como acima referi, os meus conhecimentos sobre a temática desenvolvida nesta unidade curricular. Nesse sentido, considero que esta foi a actividade mais proveitosa, do ponto de vista da aprendizagem significativa, de todas as realizadas até ao momento.

Reflexão
Nesta reflexão não pretendo debruçar-me directamente sobre os dados recolhidos e discutidos, ainda para mais porque me iria repetir em relação ao que foi referi nas minhas intervenções e na dos meus colegas, mas antes meditar sobre todo o processo em si mesmo.
Como afirma Negroponte em Be Digital (13) enquanto se discute à tanto tempo e de uma forma tão intensa a transição da era industrial para a era pós-industrial, tem passado despercebido à maioria das pessoas que caminhamos a passos largos para a era da pós-informação, num mundo em que as profundas mudanças afectam de forma irreversível o ser humano, não só nas interacções económicas, mas sobretudo no mais íntimo do seu ser, a identidade, a interacção social e a produção cultural. Ou seja, enquanto estamos nós, adultos emigrantes, a debater questões que são irreversíveis, os nossos adolescentes são já o produto dessa fase pós-informação na qual a tecnologia e os meios digitais em especial, à boa maneira de McLuhan tornam-se uma extensão do corpo humano (ou, se preferirmos uma segunda pele). Noutro artigo, The DNA of Information - Bits and Atoms, Nicholas Negroponte refere que vivemos cada vez mais alicerçado numa realidade digital, quantificada sobre a forma de bits e bytes, que progressivamente vem substituindo ou complementado a nossa realidade analógica, composta de átomos. Se analisarmos os novos espaços de construção da identidade social que temos vindo a analisar como as redes sociais, os telemóveis, as páginas pessoais, os blogs, etc, e se juntarmos a isto outras redes de partilha de conteúdos como o youtube, os jogos de computador multiutilizador ou o ainda não explorado (por esta faixa etária) Second Life, podemos perceber que o futuro da nossos jovens, e das gerações que se seguirão, serão tendencialmente vivido em mundo virtuais. . Parafraseando José B. Tercero no seu livro Sociedade Digital (1996:31) “ A substituição do átomo pelo bit, do físico pelo digital, a um ritmo exponencial, acabará por converter o homo sapiens em homo digitalis.” É sobre essa perspectiva que é preciso pensar a forma como esducamos e formamos os nossos jovens.

Pedro Coelho do Amaral

Texto 1
Weber, S.; Mitchell, C. (2008). Imaging, Keyboarding, and Posting Identities: Young People and New Media Technologies. In Youth, Identity, and Digital Media: 25-47.
Texto 2
Stern, S. (2008). Producing Sites, Exploring Identities: Youth Online Authorship. In Youth, Identity, and Digital Media: 95-117.
Texto 3
Boyd, D. (2008). Why Youth ♥ Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life. In Youth, Identity, and Digital Media: 119-142.
Texto 4
Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.
Texto 5
Goldman, S.; Booker, A., & McDermott, M. (2008). Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation. In Youth, Identity, and Digital Media: 185-206.
Texto 6
Yardi, S. (2008). Whispers in the Classroom. In Digital Youth, Inovation, and the Unexpected: 143-164.

Nicholas Negroponte http://archives.obs-us.com/obs/english/books/nn/bdcont.htm



Sintese Global Texto 4