domingo, 29 de março de 2009

Comentário / Reflexão_Nativo Digital versus Emigrante Digital

Perfil do Estudante Digital – Comentário / Reflexão Pessoal
Objectivos: Identificar e discutir as características atribuídas ao estudante digital.
Competências: Definir o perfil do estudante digital


Comentário

Com uma clara dificuldade pessoal em separar e distinguir, em determinados momentos, comentário de reflexão, e correndo o sério risco de me repetir, começo num primeiro momento por analisar esta primeira actividade do ponto de vista da proposta de trabalho, seus objectivos a atingir e competências a adquirir e concluo com uma análise do trabalho realizado por mim e pelo grupo com o qual trabalhei.
A primeira actividade na disciplina de Medias Digitais e Socialização teve como objectivo reflectir sobre aquele que foi, ao longo deste percurso, o objecto de estudo desta unidade curricular, ou seja, o nativo digital, enquanto representante da primeira geração que cresceu com as novas tecnologias (Prensky:2001,1).
Para isso foi-nos proposto como percurso de aprendizagem a leitura e análise de duas obras de Mark Prensky com o objectivo de, numa primeira fase de forma individual e posteriormente enquanto grupo de trabalho, traçarmos o “Perfil do Estudante Digital”.
Estes textos, e numa análise mais fria e distante, foram fundamentais para enquadrar e fundamentar algumas ideias transversais que foram sendo trabalhadas ao longo deste semestre. Ideias essas que permitiram traçar algumas marcas identitárias dos estudantes de hoje e que permitiram lançar, posteriormente, as bases da discussão sobre a forma como os novos meios digitais e as novas formas de interacção por eles proporcionadas às crianças e jovens têm uma influência significativa no desenvolvimento pessoal, nomeadamente nos processos de construção da identidade e de socialização destas gerações.
Nesse sentido, o trabalho de leitura, pesquisa e debate desenvolvido essencialmente por mim, pelo Rui Fernandes e pela Sandra Sousa e vertido na forma de um documento PowerPoint, acabou por responder aos objectivos da proposta, pois permitiu-nos identificar as principais características do estudante digital e forneceu-nos as competências necessárias para posterior debate no Fórum.
Em jeito de análise do processo ensino-aprendizagem devo referir que esta primeira actividade realizada na unidade curricular de MDS foi bastante importante. O primeiro motivo prende-se com o facto de pela 1º vez estarmos a trabalhar em grupo num projecto com o objectivo de ser apresentado aos restantes colegas da turma e com o peso da avaliação associado. O segundo motivo, também ele inovador, foi o contacto com o fórum e com a sua forma de funcionamento, os seus ritmos, normas e procedimentos. Nesse sentido, esta 1º actividade resultou numa especie de baptismo de fogo, mas que acabou por se concretizar da melhor forma. Devo salientar a pertinência dos conteúdos propostos, não só pelo que acima referi, mas também pela clareza e brilhantismo dos textos apresentados que funcionaram como factor motivacional para o grupo.
Pelos motivos descritos acabo este comentário referindo que gostei imenso da actividade realizada e a partir deste momento arranjei dois colegas que me foram acompanhando nos restantes projectos de uma forma inexcedível.

Pedro Coelho do Amaral

Reflexão Pessoal

Da leitura dos textos surgiu a percepção de que pela 1º vez, na história da civilização humana, existe uma geração nascida e criada num contexto integralmente digital, imersos numa cultura tecnológica e que esse facto representa na prática um corte geracional profundo com as gerações que a precedem. Prensky através de uma analogia extremamente feliz e perspicaz perspectiva esse confronto numa clara distinção entre os nativos digitais, que sempre viveram imersos numa realidade digital e os emigrantes, ou seja, os elementos adultos da sociedade que vivem numa espécie de limbo, navegando entre os dois mundos, num esforço de se adaptar a uma nova realidade digital mas ainda agarrados ao mundo analógico em que cresceram.
Apesar de esta reflexão assumir em alguns aspectos um carácter redutor e caricatural (como referi nas minhas intervenções), a realidade demonstra-nos que esse corte geracional é real e reflecte a incapacidade da sociedade como um todo, e da escola e da família em particular, em compreender a abrangência dos processos de mudança em curso. Essa revolução como é referido por Mark Prensky está patente na forma como esta nova geração digital pensa, comunica, socializa, aprende, cria, troca, compra, vende ou partilha, por exemplo. Contudo, mais do que pormenorizar as novas características do nativo digital e consequentemente do seu perfil enquanto estudante (exaustivamente trabalhado e discutido) importa referir que da discussão que se gerou em torno do assunto resultaram algumas reflexões que importa destacar:
A primeira constatação reflecte a necessidade da sociedade compreender esse fenómeno e dentro da sociedade destacar o papel da Escola e do professor enquanto vectores chave na aproximação das duas realidades. Em vez de funcionarem como uma ilha isolado, a escola e os professores precisam adaptar-se às características do seu público-alvo e adaptar a sua linguagem a essa nova realidade. O confronto desigual entre aquilo que a escola tem para oferecer e as vivências e a realidade dos jovens exige uma mudança de paradigma educacional. Essa mudança deve permitir uma conciliação, um aproximar de interesses dos alunos e da necessidade formal da Escola de transmitir conteúdos estruturantes. Falar sobre um ensino centrado no aluno é uma questão que é anterior ao advento da sociedade digital. Dewey e outros teóricos da educação à muito alertam para a necessidade de colocar o aluno como centro de toda a actividade educativa. No entanto, nunca como hoje a questão se tornou tão premente, requerendo uma mudança profunda na práxis educativa.
Uma mudança que terá que ser forçosamente multidisciplinar e deverá incluir, entre outros aspectos, uma alteração de currículos, da natureza das diciplina, dos conteúdos, da formação profissional e da atitude reflexiva dos professores. Exigirá também a adaptação dos materiais escolares tornado-os mais próximos da linguagem digital que os alunos compreendem e da própria forma de organização e do tempo escolar, de metodologias orientadas para os alunos, aproveitando o seu conhecimento e as suas experiências de vida. Não se trata de ceder aos desejos do aluno, mas compreender que o aluno de hoje é diferente do aluno tipificado ou idealizado pelo sistema escolar, tendo inclusivamente uma forma diferente de pensar e utilizar as suas capacidades cognitivas. Naturalmente que a escola necessita continuar a fornecer aos alunos as ferramentas pedagógicas-didácticas que lhe permitam usar os conhecimentos tecnológicos que possuem em actividades de aprendizagem úteis. Como foi referido por diversas vezes a tecnologia é um meio e não um fim em si mesmo e torna-se necessário ensinar os alunos a utiliza-las em seu beneficio através de uma aprendizagem significativa. Relativamente à reflexão do papel do professor e do aluno, esta abordagem remeteu-me para uma abordagem teórica denominada de Conectivismo de George Siemens e que se assume como uma teoria da aprendizagem para a era digital. O Conectivismo é um enquadramento teórico recente, desenvolvido com o objectivo de fornecer uma teoria de aprendizagem orientada para os novos contextos educativos de educação formal e não-formal na era digital. O Conectivismo fornece uma perspectiva sobre as competências e tarefas de aprendizagem necessárias para que os alunos possam prosperar neste novo enquadramento. Este novo paradigma tecnológico, assente no rápido desenvolvimento tecnológico e no aumento exponencial no uso da Internet, dos diapositivos móveis de comunicação e nos ambientes virtuais de aprendizagem exige novas e diferentes estruturas educacionais e organizacionais, o que acarreta profundas alterações no processo tradicional de ensino-aprendizagem. A Internet tem causado uma mudança de poder na sala de aula através da qual os alunos têm agora maior acesso à informação, à opinião de peritos e dos seus colegas. Essas alterações plasmam-se em novos processos de aquisição e organização do Conhecimento centrados na figura e na experiência do aluno e moldam-se nas chamadas Redes (networks) ou Comunidades de Aprendizagem. Torna-se importante reconhecer a importância de saber “aonde” se encontra a informação e não somente saber “o quê e como”. O sucesso de um aluno reside na forma como este é capaz de se ligar a esses novos contextos de aprendizagem e organizar as diferentes fontes de informação, enquanto que o sucesso do professor ou educador define-se pela forma como desenvolve estratégias para auxiliar e orientar o aluno nesse complexo processo. O professor é então encarado, nesta teoria, como um orientador na imensidão de informação existente.
No fundo, ao trazer a esta reflexão a abordagem conectivista pretendo mostrar que os processos de ensino-aprendizagem já não se podem remeter a uma visão datada da escola. As novas tecnologias vieram revolucionar a forma como aprendemos. Parece-me, uma vez mais, que a escola e os professores ainda não conseguiram ou puderam compreender essa mudança irreversível.
Naturalmente que num ensino desta natureza o estudante digital estará melhor preparado para fazer enfrentar o futuro pois, em principio, possui as competências tecnológicas e o dominio da linguagem para responder aos desafios. No entanto, esse domínio dos meios tecnólogicos não pressupõe à partida uma vantagem face aos restantes membros da sua geração nem tão pouco uma correcta utilização desse conhecimento em prol de actividades que sejam efectivamente importantes.
Será este um dos grandes desafios que enfrentam os sistemas públicos de ensino. Sabemos que a escola é a base e o sustentáculo da sociedade em que vivemos. Graças a ela tantas conquistas foram alcançadas, mas também graças a sua imobilidade tantas coisas ficaram por alcançar. Numa altura em que, como refere Rui Canário, a escola já não consegue responder ao seu desígnio de mobilidade social, só uma escola capaz de transmitir uma aprendizagem significativa poderá triunfar (triunfar no sentido de cumprir o seu papel) na era digital.
Pedro Coelho do Amaral

Bibliografia

Prensky, M. (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology and how they do it. 1-14.
Prensky, M. (2001) Digital natives, digital immigrants. In On The Horizon (Vol9, nº 5). NCB University Press.

http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm

Estudante Conectivista

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Kids Today

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Teatchers Today

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